A constituição da República Portuguesa, no seu artigo 57º garante a todos os trabalhadores o direito à greve.
O ponto nº3 do referido artigo estabelece que a lei define (durante a greve) que estejam salvaguardados os serviços mínimos à satisfação das necessidades das pessoas. Viajar de comboio para o trabalho e viajar de comboio para uma consulta no hospital ou centro de saúde, são necessidades primárias de qualquer pessoa neste país. No meu entender, a greve da CP das últimas semanas, não teve qualquer respeito por essas necessidades humanas. Concordo totalmente que existam greves. A greve é um dos maiores direitos que assiste os trabalhadores quando descontentes com as condições que lhe são oferecidas pelas empresas para exercer uma actividade profissional. Agora, não sou de acordo que as greves durem vários dias e que prejudiquem claramente aqueles que por via das suas necessidades são utilizadores dos serviços e que pagam não só os salários aos trabalhadores da CP como garantem que a empresa continue activa no seu sector de actividade. Paralizações a rondar os 90% assemelha-se para mim mais a um período não-legal de férias que os trabalhadores da CP quiseram tirar do que a uma greve. Quem acaba por pagar a factura são os utentes / contribuíntes. Muitos deles, detém passes préviamente pagos, dos quais não fizeram qualquer usufruto. E tal situação, é obviamente, lamentável…